Quando os ouvidos dos outros não nos escutam, só nos restam as palavras que saem da nossa mente directamente para o papel... Foi isso que fiz durante alguns anos da minha vida, tão jovem ainda, e que agora tenho coragem de partilhar com quem as quer escutar em silêncio...
quarta-feira, 24 de setembro de 2008
Amo-te
Somos brindados pelo sol que aquece os nossos rostos enternecidos, no final de tarde que nos espera na praia erma, no anúncio do Outono que se aproxima mansamente na quietude dos meus dias.
É chegada a hora de experimentar o abandono do peso das desilusões para que o vento se encarregue de as apartar para bem longe.
É chegada a hora de colher o que já amadureceu e deixar vingar as emoções que afloram a cada dia e de sorver o instante que traz a mais pura semente germinável, que me transforma ao sentir o seu toque suave.
É sob essas emoções que escutamos o lamurio das vagas que se agitam contra as rochas num capricho imparável, que nos apazigua a alma e interrompe o nosso silêncio. O seu rumor traz-me a tua respiração que me segreda ao ouvido, sem as interferências da mente, sem os pensamentos que me anulam.
A paz e a ternura que se espelham no nosso olhar, dizem sem palavras aquilo que sentimos.
Sinto o meu coração a dar tréguas quando estou envolta nos teus braços, ainda que as lágrimas brotem dos meus olhos. Já não são, porém, lágrimas de dor; são lágrimas que limpam a minha essência, que nascem pela emoção dos meus sentimentos.
Sentimentos… palavras para quê, quando sabemos o que sentimos, quando o silêncio do nosso olhar se incumbe de os expressar?
No meio de tantos sentimentos confusos que me assolaram, este acalma-me e sossega-me.
Quantas vezes pensei que amava, quando afinal o que me consumia era o fogo da paixão e a ânsia de ser amada… Sentia-me viva enquanto ardia… Morria lentamente quando se extinguia. Restava a palidez esculpida no meu rosto por mais uma desilusão que tomava conta de mim.
Gritava por auxílio a minha alma. Já quase não tinha forças para continuar a clamar e abandonei-me, deixando-me vencer pela dor lancinante que me tomava e pela desilusão que habitava no meu ser.
Quando apenas ecoava o apelo mudo na minha alma, surgiste docilmente com um sorriso nos lábios, um brilho nos olhos, com a promessa de me dar a paz que procurava, até quase me esgotar para seguir no seu encalço.
Cumpriste com a tua promessa, enquanto o meu sentimento por ti se multiplicava a cada dia que passava, a cada recordação do toque suave de uma rosa a percorrer a minha pele, a cada gosto dos beijos profundos, a cada perfume inalado, a cada carícia lembrada com ternura…
Vi os dias passarem e crescia em mim uma ânsia. Uma ânsia de ficar ao teu lado num local só nosso, onde os olhos mundanos não nos abrangessem, onde só a Natureza nos rodeasse e nos brindasse com os seus cheiros, os seus sons, a sua beleza inigualável. Desse local eu não queria partir…
É nesse local que me proteges e onde finalmente me sinto amada, onde nos olhamos e ficamos por vezes em silêncio, transparecendo nos nossos olhos aquilo que nos vai na alma.
No meio de tantas palavras, ainda tanto resta para dizer…
O sufoco que me aperta a garganta aumenta à medida que os ponteiros do relógio avançam apressadamente perseguindo a noite que prenuncia a despedida.
É sob o olhar terno das estrelas que se liberta dos meus lábios a palavra que traduz aquilo que sinto por ti, que cresce a cada momento que passamos ou mesmo quando estamos ausentes. Uma só palavra basta para expressar um sentimento tão nobre.
São por vezes as palavras mais simples que negamos pronunciar, pelo temor da derrota que nos invade o pensamento.
Desprendem-se dos nossos olhos lágrimas que banham os nossos rostos, misturando-se num abraço demorado que vem sustentar o que as nossas bocas proferiram.
Fica no ar o alívio por termos soltado o que julgávamos bastar aos nossos olhos dizer, sempre que os nossos olhares meigamente se cruzavam.
Melicamente escuto agora na minha lembrança, no aconchego do ninho que já nos acolheu, a palavra que faz transparecer o mais nobre dos sentimentos: AMO-TE…
quarta-feira, 17 de setembro de 2008
Saudade e Paz
É noite.
Cobre-me um manto de estrelas na praia deserta que já nos acolheu, enquanto se passeiam por mim os pensamentos nostálgicos que te trazem à minha lembrança. Adivinha-se a minha partida do local onde selámos o nosso encontro.Tudo me faz recordar de ti… a Lua que reflecte o seu encanto de prata sobre o mar, que sussurra os segredos que nem todos sabem entender, que me lembram o teu olhar que fita o meu com ternura, sem palavras pronunciarmos, mas dizendo tudo o que nos vai na alma; o brilho das estrelas que me lembram os teus beijos cheios de carinho; a areia fina e fria que me acolhe agora sozinha, sem a tua presença. Nela me aconchego e imagino os teus braços que me prendem no teu calor. Fecho os olhos e inalo o odor que traz até mim o teu cheiro, ouço o murmúrio das vagas que me traz a tua respiração…
Vives em mim.
Qualquer pensamento me leva até ti e sinto uma paz invadir o meu peito.
Transpiro música com o toque suave dos teus dedos sobre a minha pele.
Habitas em cada pedaço da minha existência.
Pertences-me sem me pertenceres…
Fazes parte da nova mulher que nasceu em mim.Sou flor que brota viçosa no jardim que começaste a cuidar. Alimentas-me a cada dia com o teu carinho, renovo-me a cada momento com as recordações que persistem no meu pensamento.
É com essas recordações que regresso ao meu leito que me espera uma vez mais vazio, caminhando placidamente entre o ruído e a pressa, lembrando-me da paz que reside no silêncio emanado dos nossos olhares.
Já não me sinto a vaguear solitária no meio da multidão, pois sei que mesmo ausente permaneces no meu coração, sem precisar de me renunciar para poder amar.As lágrimas que por vezes teimam em rolar pelo meu rosto, apenas me lembram as emoções e os sentimentos que residem em mim e que se espelham no nosso terno olhar.
Não sinto mais tristeza ao ouvir a chuva a cair. Escuto agora a sua suave melodia que canta na vidraça da minha janela que quer abrir-se de novo, para que eu possa sentir o vento soprar de mansinho e percorrer todo o meu corpo, renovando-me a cada passagem da brisa morna.
Vivo cada momento inspirando-me em cada som, em cada odor, em cada toque, em cada olhar…
Sinto-te em cada música que escuto, em cada palavra que redijo, em cada cor eu vejo, em cada pétala que roça a minha pele…
Sigo com estas sensações no encalço da paz que me trouxeste e com a qual me envolvo agora nos lençóis que me esperam nas noites calmas.
Adormeço com a saudade no meu peito e a paz na minha alma…
quarta-feira, 3 de setembro de 2008
Cinzas
Foste rascunho de uma história que vivi num sonho que só a mim pertenceu. O fogo que um dia lhe lançaste queimou-o sem dó e dele apenas restam as cinzas que lentamente o vento vai afastando de mim com a sua aragem suave.
Perdi a razão…
Vesti a pele de menina que já não sou e deixei-me levar por uma quimera onde tu não querias estar.
Promessas não fizeste, mas pairou a esperança… a esperança que um dia te reencontrasses e me encontrasses no teu reencontro.
Vivia numa euforia aguardando escutar a tua voz… Sorria… cantava assim que a ouvia…
Depois passei a viver os meus dias na nostalgia, relembrando os breves momentos que passámos, até me deixares de falar…
A dor foi atroz!…
Como poderias sair assim da minha vida sem sequer dizer adeus? Apenas soou um vago até breve.
Chorei desesperadamente ao acordar do meu sonho, ao ver que afinal não me querias ao teu lado, ao ver que afinal a força da paixão só a mim cabia.
Abandonei-me pelo cansaço. Não podia esperar mais por ti. Soubeste que a minha alma gritava e nunca me secaste as lágrimas que por ti brotavam do meu peito ferido.
Tantas vezes tentei em vão encontrar-te novamente, mas apenas te via nas minhas memórias, no álbum de recordações que agora guardo fechado para não mais me magoar.
Apossou-se de mim um negrume que só a melancolia me trazia, nos dias passados sem ti, onde nem o pôr-do-sol tinha magia, onde só a escuridão e o frio da noite tomavam conta de mim.
Um dia veio o alvorecer e, com ele, a paz e a serenidade regressaram, reinando outra vez no meu coração. Os seus raios espalharam por mim sentimentos de carinho e ternura que estavam adormecidos, passeiam-se por mim com o seu calor e fazem brilhar com novo alento o meu gélido e vago olhar que assim ficou com a desilusão vivida nos meus dias mal amados.
Agora já não escuto com nostalgia as músicas que marcaram os nossos momentos. Essas melodias já não te pertencem. De ti apenas resta a lembrança, mas já não choro.
Ancoro agora num porto que me acolhe, que me dá forças para retomar a minha viagem. As águas começam a aquietar-se. Vislumbro um farol que me guia até nos dias de nevoeiro, mesmo quando as estrelas teimam em não cintilar.
Já despi o vestido de frágil menina. Sou mulher. Fortalecida.
Já não deixo que o frio me gele. Antes procuro o conforto nas palavras ou no silêncio do meigo olhar que me recebeu e aconchegou.
Fecho as janelas do passado e abro a porta do presente, caminhando com brandura ao longo da nova ala que se abriu, plena e cheia de luz.
É lá que me refugio. É lá que começo a escrever uma outra história. É lá que escuto de outra forma as melodias que não mais são tuas e o vento que vai passando de mansinho e purificando a minha alma. É lá que sinto o toque suave do veludo das flores. É lá que vejo as cores que preenchem o meu olhar. É lá que sinto os odores que percorrem os meus sentidos. É lá que me sinto agora feliz, pois sei que as cinzas do meu rascunho permanecem do lado de fora da janela que me obrigaste a fechar e que o vento levanta levemente, apartando-as de mim…
domingo, 31 de agosto de 2008
Um dia...
Um dia…
Um dia sonhei…
Um dia vivi um pesadelo…
Um dia acordei… desiludi-me…senti-me livre…
Um dia voltei a sentir-me aprisionada numa quimera que só existia dentro de mim. Pura ilusão!
Despertei e chorei lágrimas de dor que saíam do meu coração sem que encontrassem um local para repousar a minha alma. Soltavam-se noite e dia sem descanso, encurralavam-me na minha solidão, brotavam dos meus olhos, escorriam pelo meu rosto, que nem os raios de sol confortavam com o seu eterno calor.
Um dia tu vieste ao meu encontro. Secaste-me as lágrimas. Ancorei no teu olhar, prendi-me no teu abraço, naveguei ao sabor dos teus beijos de ternura que há muito esperava receber.
Um dia escutei sem dor as músicas que me ensinaste a ouvir…
Um dia aprendi que muito se pode aprender escutando o nosso silêncio.
Um dia serenei aconchegada pala lua e pelas estrelas que nos embalaram na praia deserta.
Um dia ouvi o murmúrio do mar na noite calma.
Um dia vi o nevoeiro dissipar-se, dando lugar ao pôr-do-sol radiante beijando o mar imenso, tal como a magia dos teus ternos beijos que chegaram de mansinho para apaziguar o meu pranto e secar as minhas lágrimas.
Um dia vivi… um dia fizeste-me sonhar…
Vivi um sonho que julgava só os sonhos poderem dar e desejei não acordar.
Um dia voltaste a fazer-me sorrir e chorar também. Mas agora não é um choro de lamento. É um libertar de emoções que nunca antes senti, ao viver este sonho que nunca antes sonhei, pois cuidei não existir…
Revivo cada instante, espelha-se a paz no meu olhar, a esperança no meu rosto, a calma no meu corpo, a quietude e o sossego no meu coração.
Respiro cada odor deixado em cada recanto do meu pensamento.
Ouço as baladas que percorrem todo o meu ser, sem me levar ao cansaço.
Sinto na pele o veludo das rosas que me devolveram o sorriso.
Toco as pétalas frescas que me lembram o teu toque suave e guardo-as como um tesouro.
Olho para as suas cores que me recordam o teu meigo olhar, o teu sorriso encantador…
Adormeço aconchegada pela luz ténue das velas que nos guiaram no sonho que um dia me fizeste viver, do qual eu não queria acordar.
Adormeço na esperança de um dia surgir um outro dia, um outro sonho, onde não precise de fechar os olhos para poder sentir os perfumes que me rodeiam, para poder escutar os sons que pairam em cada lugar onde vou e que me acalmam, para poder pintar a minha vida com as cores que me ofereceste, para poder sentir o toque aveludado do carinho que só tu me sabes dar, para poder escutar de novo o nosso coração bater no mesmo compasso.
Adormeço com o sorriso com que um dia me deixaste, através dos momentos mágicos que construíste e que me devolveu a felicidade que julgava ter perdido um dia.
Mitigaste-me o sofrimento que um dia me assolou por um sonho que só eu tive, que não consegui viver e que se tornou melancólico.
Resido agora no dia inolvidável com que me presenteaste e que ocupa o decorrer dos meus dias e me inspira a escrever estas palavras que se soltam dos pensamentos esculpidos na minha memória e que fluem acompanhados das baladas que escutámos juntos, agora que estás distante do meu olhar, porém cada vez mais junto do meu peito.
Revivo a cada instante esse dia que nenhum dia irá arrancar da minha lembrança.
Um dia que será para sempre um dia…
domingo, 24 de agosto de 2008
Acalmar
Sinto-me envolvida pelo carinho de mil estrelas saídas dos teus lábios.
A Lua afaga-nos com o seu encanto sereno.Escutamos o mar que murmura sons sussurrantes, como suspiros num vai-vém imparável que me embala na areia fina.A noite é mágica.
Nada dizemos, apenas ouvimos.O nosso silêncio é selado com o que há muito se anunciava através da ternura emanada dos nossos cúmplices olhares.
Inalamos o sossego que paira no ar e que mistura com o odor da maresia.Espelha-se a paz no nosso olhar.
O nosso silêncio continua…
Passeiam-se lágrimas no meu rosto.Emoção? Medo? É uma sensação que não sei descrever.
Aconchego-me nos teus braços numa tentativa de não me escapar no frio da noite. E fico…
Secas-me as lágrimas com a promessa da tua amizade eterna, pois mais não me poderás oferecer.
Sou agora menina assustada no teu colo, recebendo com ternura o teu carinho incondicional, quando te dizes incapaz de me dar o Sol ou a Lua. Aprisiono-o num local só meu, de onde não quero partir, pois dele preciso como se de ar se tratasse para poder viver…
Vivo este momento de forma plena, mas não o suficiente como se não existisse amanhã, visto que a razão é mais forte para o permitir.
Ao teu lado os meus temores dissipam-se, tal como névoa nas manhãs que adivinham um dia de calor revigorante.
Contigo sinto os raios de Sol acariciarem-me o rosto e a enternecerem o nosso olhar.
Uma brisa suave vagueia pelo meu corpo e faz-me arrepiar de mansinho, trazendo-me apenas o sorriso da quietude da alma.
Todos estes sentimentos me percorrem…
O medo de voltar a sofrer mais uma desilusão, que por vezes me assalta, esconde-se por instantes no meu pensamento, enquanto estás por perto. Esqueço o que me atemoriza.
Estou em paz… és o bálsamo que me serena a alma e acalma o espírito. Não quero sair deste estado.
Quero continuar a sentir-me envolvida pelo teu carinho e escutar o nosso silêncio, aconchegados pelo luar.
É tarde… temos que voltar. Chama-nos a razão…
Despede-se de nós a Lua e as estrelas e eu volto para o meu leito que me espera vazio para que eu possa descansar o meu corpo e, agora sim, acalmar a minha alma…Deixo-me embalar pelo meu sono tranquilo, sou vencida e adormeço…Consigo acalmar…
sábado, 16 de agosto de 2008
Amizade
Tornaste-te num ser inesquecível…
Serenas-me a alma, acalmas-me o espírito.Secas as minhas lágrimas aconchegando-me no teu olhar. Sossegas o meu pranto, mesmo quando escuto o teu silêncio.
Dizes que é difícil encontrar palavras capazes de descrever a nossa amizade…
Tento rebuscá-las na quietude das noites em que o sono tarda a chegar, quando as desilusões que habitam o meu pensamento me impedem de adormecer.
Chegaste quando a minha alma gritava por socorro…
Chegaste à minha vida quando vi o meu coração destroçado por um desencontro de amor, por uma mágoa que me assaltou e invadiu o meu ser, dilacerando o meu peito.
Vejo-te como um anjo mandado pelo céu.
Vieste e ofereceste-me a paz, deste-me o carinho, o calor do teu abraço, a ternura de um beijo… um sentimento incondicional, que tudo permite dar e nada exige em troca, a não ser a amizade pura e singela que te posso também dar…
Somos agora haste fina que cresce num prado verdejante. Ventos de mudança me agitam suavemente. Sobreviveremos às intempéries que assolarem nos Invernos das nossas vidas. Cresceremos juntos e fortalecer-nos-emos no decorrer das Primaveras, à medida que o tempo passar por nós… jamais diremos adeus, pois este sentimento não o permite. Permaneceremos para sempre no coração, por mais que a distância nos separe.
Dizes que não poderás dar-me a lua, mas poderás oferecer-me a paz que dela emana, sempre que sentir o desassossego na minha alma…
Dizes que não poderás dar-me o sol, mas poderás dar-me a luz que se irá reflectir nos meus olhos, sempre que estes quiserem chorar e o calor do teu abraço que me irá fortalecer, sempre que me sentir desfalecer…
Ensinaste-me a escutar os sons que tornam os momentos especiais e que ficam gravados na nossa memória… aqueles que outrora me traziam a nostalgia e que faziam brotar lágrimas de amargura, trazem-me agora a calmaria do pôr-do-sol na praia deserta onde só se escutam os pensamentos, interrompidos pelo murmurar das ondas do mar imenso.
A nossa vida é um mar… um mar repleto de ondas, cada uma diferente da outra… por vezes imprevisível, porém sempre mágico, vivo, que nos traz aprendizagem. Ondas que vêm de mansinho; outras que revolvem todo o nosso ser; outras se vão, deixando marcas profundas por onde passam; outras ainda que permanecem em calmaria, para que possamos navegar rumo à nossa felicidade… Essas sabemos nós que estão ali para que possamos ancorar e descansar o nosso espírito, para depois retomarmos a nossa viagem mais fortalecidos…
Ancorei em sossego…
Sinto-me agora a descansar…
Regressa a minha calma…
Repousa o meu pensamento…
Não encontro mais palavras…
segunda-feira, 11 de agosto de 2008
Tempo de dizer adeus...
Começa a apossar-se de mim o cansaço.
“É tempo de dizer adeus…” grita-me a razão.
“Não olvides este amor…” suplica o meu coração.
Já não aguento mais. A tristeza e a desilusão percorrem-me e depositam-se no meu pálido olhar, que soltou sorrisos perdidos quando te reencontrou. Nesse dia recordei as palavras que proferiste: “Não há ninguém insubstituível…”. Não concordei. Continuo sem concordar. Não se consegue substituir alguém único. Não consigo amar ninguém como te amei. Como te amo…
Só o tempo nos separou. E o tempo nos fez reencontrar. O tempo nos fez reviver momentos da nossa inocente juventude. O tempo nos fez viver momentos inesquecíveis, pelo menos para mim. O tempo nos separa novamente…
Gritos mudos saltam do meu peito apelando à minha paz. Vejo-a distante. Caminho sozinha no seu encalço. Vagueio solitária pela penumbra, percorrendo a sala das minhas recordações. Tento fechar as janelas do passado que deixam entrar as histórias que já me fizeram feliz, mas que agora libertam em mim um sentimento de mágoa profunda. Chora a minha alma… espelha-se no meu olhar…
Abandono-me, mas não deixo de te amar.
Sinto vontade de enterrar esta história mal acabada que vivemos, pois cada vez que desfolho as poucas páginas que nela existem, há uma dor que me trespassa e que faz brotar lágrimas de nostalgia, que vivem continuamente dentro de mim.
Todavia não quero esquecê-la, não quero esquecer-te…
Que sentimentos antagónicos… que agonia…
Revejo a nossa história em rascunho a cada dia que passa, a cada amanhecer, a cada anoitecer, ao deitar-me esperando que o sono chegue. Adormeço contigo no meu pensamento. Não encontro conforto a não ser o dos meus braços, com os quais envolvo o meu corpo, imaginando que são os teus que outrora me tomaram por inteiro. De corpo e alma!
Por vezes dou comigo a pensar se tudo não passou de um sonho, pois só os sonhos terminam assim, ao adivinhar o começo de um novo dia.
Não foi um sonho. Foi ilusão minha… que despertar tão amargo!
Perdi-me ingenuamente no tempo, no teu olhar meigo, escutei a tua doce voz, admirei o teu sorriso…
Agora não me consigo encontrar. Sou alma vaga perdida no meio da multidão.
Continuo navio à deriva, aguardando que a corrente me leve para junto do porto onde possa ancorar em águas calmas, pois já não tenho forças para remar.
Abandono-me ao sabor das vagas, agora que começa a apossar-se de mim o cansaço.
É tempo de dizer adeus…
sexta-feira, 25 de julho de 2008
Esperança
Languidamente vagueiam os meus tristes e melancólicos dias numa esperança quase esquecida de me ver novamente nos teus braços e de sentir outra vez o teu calor.
Já nem escuto a tua voz… deixaste de me falar…
Ouço apenas um eco ténue que insiste em não sair do meu pensamento nostálgico.
Já não te procuro, apenas espero…
Apenas espero que tu me encontres.
Já não choro por ti, apenas deixo que a tua lembrança percorra o meu pensamento.
O meu sentimento? Parece adormecido, guardado no cofre do passado recente, esperando que tu o abras, para que ele possa viver de novo pleno e feliz, como já foi outrora.
O meu sonho? Foi apenas uma névoa numa fresca manhã de Outono… Dissipou-se e deu lugar agora a um dia sombrio.
Acordei da pior forma, sem que me acordasses. Acordei como se tudo não tivesse passado de uma ilusão, como se não tivesses existido na minha vida, quando fazes parte da minha existência.
Sinto por vezes o sabor a fel de uma despedida, quando nunca se disse “adeus”, onde no ar só ficou um “até breve”.
Cruzo rapidamente por ti. Tão rápido como se fosses uma sombra… Nem sei se és mesmo tu… Tudo pára à minha volta. Toda eu estremeço, o meu coração bate descompassadamente. Será alucinação?
Ouço novamente a tua voz… doce e meiga. Serena a minha alma. Inflamam-se-me os sentidos e renasce a esperança de te reencontrar. Só em ti eu me revejo. Só contigo eu quero estar.
Cercam-me os homens buscando prazer. Um prazer que não lhes posso dar, pois cada vez me sinto mais tua. És só tu quem eu desejo. És só tu quem eu amo.
Sou carniça atirada aos cães esfaimados. Luto para fugir, pois neles nada encontro a não ser um corpo que lhes transporta uma mente vazia e despojada de valores.
Vão-me fluindo as palavras enquanto o sono não me vence. Sinto-me cansada e quero adormecer para poder viver esta quimera. Adormeço contigo a habitar os meus sonhos. Porém os sonhos não me alimentam. Estou frágil e preciso de ti. Careço do teu afago, do teu carinho, de ouvir a tua voz numa fusão com o som das ondas do mar, de fixar o teu olhar brilhando com o encanto da claridade da lua, deitados nas dunas que já nos serviram de ninho, nos tempos em que as amarguras nunca tinham ocupado os prados verdejantes da nossa inocência.
Dizes que te queres encontrar… Encontrar-te-ias se não me tivesses encontrado? Encontrar-te-ias se eu não te amasse tanto assim? Algum dia a dor te vai abandonar e permitir que te encontres?
Perpetuam-se assim os meus dias com o desejo que ao te encontrares me encontres também e que possamos viver a história que me faz acreditar no amor.
Languidamente se somam os dias e lentamente vai nascendo um novo alento, enquanto a fadiga não toma conta de mim.
Até quando vai perdurar?
sexta-feira, 4 de julho de 2008
Lamento
Escuto o meu lamento no silêncio da tua ausência.
Quero sentir o toque suave dos teus dedos afagando o meu cabelo, o encanto dos teus lábios sussurrando aos meus ouvidos, beijando a minha boca ávida de desejo, ver o teu olhar de ternura que me serena a alma e agita o meu corpo.
Ficou no ar a esperança quando a ti me entreguei. A esperança de um amor renascido do Inverno da minha existência. A esperança de uma promessa que nunca foi feita. Terá sido apenas ilusão? Terei sonhado demais? Não queria acordar...
Não! Não quero aceitar uma traição do destino!
Quero-te na minha vida. Preciso de ti. Preciso que continues a fazer parte das páginas da minha história inacabada, incompleta.
Sinto um vazio invadir-me. Já não te sinto a preencheres-me. Estás agora distante, podendo estar tão perto.
O que te impede? Se calhar nem tu sabes...
Agora, no rosto onde já brilhava um sorriso sonhador, arrastam-se as lágrimas amargas da desilusão. Mais uma desilusão a somar aos desencantos vividos nesta minha curta passagem.
O mar que eu julgava serenado, agita-se novamente numa tormenta que me quebra ainda antes de conseguir ancorar no teu porto.
As forças começam a abandonar-me.
Sinto-me só neste mar sem fim. Sou navio encalhado neste oceano frio e deserto.
Procuro-te e tu não estás... Apenas persistes no meu pensamento. Ouço a tua voz, mas a minha dor continua.
Desfaleço a cada hora, a cada dia que passo sem ti.
Somam-se os dias... Diminuem-se as esperanças... E choro...
Choro até que o sono me vença e a almofada me acolha no sossego do meu leito.
Adormeço ao som do meu lamento no silêncio da tua ausência.
Mais uma noite...
Mais um amanhecer...Mais um despertar...
Mais uma esperança...
Até que o cansaço me vença...
terça-feira, 17 de junho de 2008
Acreditar
Abro a janela dos meus sentimentos para te deixar entrar. Invades-me como uma brisa de Verão, de mansinho, como se não me quisesses despertar de um sono profundo. Mas as cinzas outrora adormecidas renascem agora num fogo resplandecente que me transformam num novo ser. Fui crisálida e renasço nesta Primavera como mariposa livre, esvoaçando suavemente, deambulando pelos meus sonhos de menina.
Anseio a cada dia que passa o teu toque suave, as tuas envolventes carícias, os teus beijos que me fazem vibrar. Recordo cada pedaço teu percorrer o meu corpo numa delicada sedução que me leva ao extremo da paixão.
Anseio... Recordo... Desespero...
Preencho os meus dias numa tentativa vã de te afastar dos meus pensamentos e chega a noite. Mais uma noite solitária e fria... Mais uma noite em que a cama me espera vazia de ti. Mais um virar de página em branco que lembra o rascunho de um romance cujo autor não encontra inspiração.
Ouço a tua voz. Tão próxima, porém tão distante!
Ouço-a um dia e outro dia a cada passagem do calendário, esperando ouvir-te dizer que o nosso próximo encontro está para breve e vejo-me cair nos teus braços e a amar-te novamente... Desta vez não ouvi essa promessa e senti uma dor lancinante que trespassou o meu peito e não me deixou pronunciar uma palavra. Morri um instante. Abandonei-me no sentimento da tristeza ao ver o meu sonho desmoronar-se, ao ser acordada tão subitamente. Agora era castelo de areia construído à beira-mar, desfeito pelas ondas e arrastado para o fundo sombrio...
De repente senti que tinha que fugir.
Fui em busca do meu conselheiro das horas de desilusão. Poderoso. Envolvente. Sábio.
Dei por mim conversando de novo com o mar. Escuto o seu murmúrio que é interrompido pelas questões que assaltam o meu pensamento...
O nosso reencontro não foi em vão...`
É uma história de encontros e desencontros para a qual eu desejo agora um final feliz, guardando o passado na minha lembrança.
Nas páginas da vida existe sempre um momento certo para que as coisas aconteçam. Tantos anos de ausência só existiram para amadurecermos. Será este o momento para nós?
Quero acreditar...
De cada vez que acredito vejo uma estrela a cintilar, iluminando o meu caminho, fazendo-me caminhar na tua direcção.
O som das vagas atravessa os meus pensamentos e sorrio.
Agora sorrio outra vez, só por saber que existes e que és um ser maravilhoso que voltou a entrar na minha existência de mansinho, fazendo-me renascer das cinzas, fazendo-me acreditar de novo no amor...
quinta-feira, 10 de abril de 2008
Reencontro
Cruzam-se novamente os caminhos outrora separados pelas encruzilhadas da vida.
domingo, 30 de março de 2008
Sentimentos
Secam-se-me as lágrimas, porém não se cristalizam os sentimentos. Esses materializam-se a cada dia que se soma aos meus dias passados sem a tua presença.
Rasgam-me os ciúmes quando te vejo brejeiro a falar com outras que nada sabem sobre nós e que sorriem para ti.
São ciúmes que provêm da paixão que sinto e que não posso viver em plenitude.
Duas emoções que tendem a tornar-se mais intensas com o virar da página dos dias intrepidamente sentidos e não rotineiros, numa tentativa vã de ocupar a minha mente noutros lugares que não sejam teus.
Mas todos os gestos, todas as palavras, todos os pensamentos circulam em torno de encruzilhadas que vão encerrar na tua essência e revejo-me num beco sem saída, de onde não quero sair.
Encaro com o teu magnetismo e deixo-me ficar nesse local carregado de sedução, onde recordo os momentos vividos fervorosamente contigo e o meu intento é aí permanecer para sempre, pois só assim sinto que és meu.
Só aí podes ser meu...
Por instantes perco a lucidez, por lastimar os sentimentos que não são meus por direito.
Ardo em ciúmes!
Arrebata-me a paixão!
Abro a janela do devaneio e torno a viver esses momentos passados contigo e o meu corpo estremece ao sentir as tuas mãos passearem na minha pele arrepiada de prazer. Escuto os sons afogados em beijos sedentos de desejo e sinto cada pedaço teu percorrer-me avidamente sem cessar, para depois nos levar ao extremo da volúpia.
Abandono-me a estas sensações no meu leito, naquele onde me deitei para te receber pela primeira vez.
São estas sensações, estas recordações que me acendem e fazem crescer os meus sentimentos, que tu recusas aceitar, porque sempre disseste "Nunca te apaixones..." Tarde demais quando proferiste tais palavras. A paixão já residia em mim...
Chorei dias a fio ao perceber que não a posso viver por inteiro, pois quis o destino que só nos conhecêssemos naquela tarde de Primavera. Desde esse dia foge-me o chão cada vez que te avisto e não concebo a minha existência sem ti.
Serias meu se nos tivéssemos encontrado antes?
Serias meu se não partilhasses o teu leito com outra?
Alguma vez serás apenas meu?
Todas estas perguntas já deambularam enquanto as lágrimas teimavam em cair através do meu rosto que quer sorrir para o mundo, quando a minha alma quer gritar por ti.
Agora acalmei o meu espírito e vivo os momentos que me dás, migalhas do tempo que te vai sobrando e que te vou surripiando muitas vezes de surpresa.
Já não choro...
Secam-se-me as lágrimas, porém não me cristalizam os sentimentos...
segunda-feira, 10 de março de 2008
Ancorada
segunda-feira, 3 de março de 2008
Terror ressuscitado
Pedi que terminasse o sofrimento, mas somente choravam palavras de mágoa e uma dor que me alucinava.
sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008
Saudade
Perda
Desejo
quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008
Despertar
Mundo de incertezas
Sinto-me cercada como uma presa que não tem para onde fugir.
Vejo-te em toda a parte e não te vejo em parte alguma.
Desespero...
Choro e rio...
Atormento-me e acalmo-me...
Quero-te e não te posso querer...
Sinto dor, sinto prazer...
Prazer ao pensar em ti, ao imaginar sentir o teu corpo colado ao meu.
Deitada na areia escaldante, imagino-me como um rio que desliza as suas águas no teu leito macio, para depois me acalmar na tua foz. Logo de seguida sou lançada ao mar e recomeça a minha inquietude.
Não consigo deixar de pensar em ti. Parece loucura!
Não sei o que fazer.
Preciso esquecer-te, mas não quero.
Eu queria ter-te aqui, queria estar perto de ti...
Porém, só agora os nossos destinos se cruzaram e outros valores se apoderaram das nossas vidas.
O desejo é forte!
Até quando vamos conseguir resistir?
Preciso do teu abraço forte para apaziguar o meu espírito ou para incendiá-lo ainda mais...
Que sensações antagónicas que tenho dentro de mim! Não sei como lidar com elas.
Sinto o teu toque suave a percorrer o meu corpo e sinto as minhas mãos tocarem o teu.
Fecho os olhos e os nossos lábios trocam beijos ardentes de paixão!
Sou interrompida por um despertar que me volta a atormentar e volto a ficar envolta num mundo de incertezas...
A dor da verdade
quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008
Vida e mar...
Preciso...
Preciso de colo, preciso de carinho...
Sentir-me segura e amada e ficar sossegada, a sentir as tuas carícias e a tua respiração.
Estou envolta numa solidão!
Queria sentir-me de novo pequenina, tal como uma criança que necessita de colo para se acalmar.
Quero os teus braços fortes a envolverem o meu corpo num suave aperto.
Sinto a tua falta. Sinto falta de um ombro amigo que me escute e me compreenda, sem nada perguntar.
Não quero que me questionem. Somente que me escutem.
Já não aguento mais!
As lágrimas correm-me pelo rosto, sem saber qual a razão. Ou será que sei e não consigo admitir?
Já não sei se o amo ou se vale a pena continuar a investir nesta relação...
Só queria estar perto de ti ou então ver-te ao longe... Apenas ver-te e sentir a tua presença, o teu olhar.
Julgava já estar bem.
Assaltam-me novamente os pensamentos e vem o desespero, a angústia, um aperto, um arrepio, uma mistura de sensações que por vezes não sei descrever.
Quero-te e não te quero!
Não consigo controlar o meu desejo.
Não consigo acalmar o meu coração.
Já é tarde e o sono tarda em chegar.
Fecho os olhos numa tentativa de te ver.
Eis que vislumbro o teu rosto e vejo-te a caminhar para junto de mim. Então as nossas mãos tocam-se e a nossa paixão é selada por um beijo quente e profundo.
Não! Não quero acordar!
Mas a realidade é mais forte que o meu sonho e desperto...
Desperto de novo para para a minha vida, para a minha solidão...
Pensamentos incertos
...2005
2005 está a chegar e o meu sofrimento continua.
De vez em quando assaltam-me as dúvidas, as angústias, os receios, os anseios... Dá-me vontade de chorar, mas então penso... penso nos meus filhos e que tenho que despender de todas as minhas forças para continuar a dar-lhes amor e carinho.
Quanto à minha dor, essa continua bem forte.
As feridas saram, mas a dor... Ah! essa está lá no meu peito, oprimindo o meu coração.
Por vezes parece que vivo num pesadelo que nunca mais acaba. Vivo sobressaltada pela ideia de que, apesar de fazer coisas normais, nas mentes doentes e maldosas, transformam-se nas piores atitudes do ser humano.
A falta de respeito e de humanidade chegou à minha vida.
Sou oprimida, acusada, humilhada, agredida. Nestas alturas há um grito interior que clama: "Chega!"
...De seguida vêm os pedidos de desculpa, o "amo-te" e, mais uma vez, o benefício da dúvida, a esperança de que cheguem os ventos de mudança.
Até quando isto vai durar?
Todos os pesadelos têm um fim, quando acordamos...
Qual será o final deste?
Quando vai ser o acordar?
terça-feira, 26 de fevereiro de 2008
Amor impossível...
segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008
Sonho
Acordo para mais um dia, em que anseio ver-te e ficar nos teus braços, sentindo o teu calor, ouvindo as nossas respirações ofegantes...
Magoa-me saber que pensas que quero mais alguém, quando és só tu quem eu quero.
Ouço um grito interior que teima em ficar mudo, quando quero extravasar aquilo que sinto por ti. Como eu queria gritar para o mundo a plenos pulmões, mas a voz da razão faz-me calar o grito que fica entalado na minha garganta e sufoca-me!
Quero que acalmes as águas revoltas do meu ser quando penso em ti e sinto que não te posso ter...
Quero que sejas o meu porto seguro nas águas serenas de um rio que corre com destino ao mar. Um mar que se agita, que brinca, que vibra de vida... tal como eu me sinto quando estou junto de ti.
Sossega-me... Agita-me... Faz-me viver... Faz parte do meu sonho acordado...
Sonho contigo e desperto. As mãos escorregam pelo lugar frio ao meu lado. Um espaço que eu queria que fosse teu, que te pertencesse. Fico acordada e invadem-me os ciúmes. Ciúmes de quem partilha contigo o teu leito, no lugar que eu queria que fosse meu, onde eu te poderia contemplar enquanto dormias, onde eu te poderia abraçar e sentir o teu calor, enquanto tentava também eu adormecer.
Nada mais resta que o silêncio da madrugada. Um silêncio atroz que me fere e mata por dentro, que me faz sofrer.
Mais um dia sem te ver, mais uma noite sem te ter...
Somam-se assim os dias e as noites e eu continuo a sonhar.
Valerá a pena sonhar?
Valerá a pena continuar a adormecer aguardando os sonhos onde tu entras, mas onde eu não te posso tocar?
Desespero. Fico sem saber o que fazer e acordo.
Acordo para mais uma madrugada fria e olho para o lugar vazio ao lado do meu, que poderia ser teu.
Mais um dia sem ti...
E assim se somam os dias e se diminuem as esperanças, aguardando por um breve momento contigo, onde preencho parte do vazio que há em mim. Um momento onde consigo ser feliz e onde por instantes esqueço a dura realidade em que vivo, onde restam depois apenas os sonhos não vividos por inteiro.
Espero por ti. Espero e tu não respondes às minhas solicitações...
Estarás muito ocupado?
Não pensarás mais em mim?
Responde-me!
Diz qualquer coisa, por mais banal que seja...
Tira-me desta ilusão. Diz-me para ter juízo, pede-me para te esquecer, pede-me para acordar.
Ou então faz-me acreditar que o meu sonho pode ser possível e que não posso desistir, pois pior que morrer é deixar um sonho morrer.
Valerá a pena sonhar?
Amanheceu... Acordo para mais um dia...
Irá o sonho esvanecer-se?...
domingo, 24 de fevereiro de 2008
Traição?...
Filha
No entanto, sinto que me pertences, desde o dia em que soube da tua presumível existência.
És minha! Pertences-me! És parte de mim! Amo-te!
Desde o primeiro dia que senti que és a filha que sempre desejei. A minha filha...
Juntamente com o teu irmão, são o elo que une a nossa família, que nos fazem valorizar a vida, que nos fazem lutar e acreditar no dia de amanhã.
Perdoa-me se te tenho feito sofrer dentro de mim.
Perdoa-me se sentes o meu sofrimento que só a mim me diz respeito.
Eu devia ser o teu porto seguro, inabalável, mas sinto-me incapaz, pois as mágoas têm sido muitas. O choro, por vezes, parece não terminar, a tristeza reina dentro de mim e não tenho vontade de viver mais...
De súbito, sinto a tua vida e tenho vontade de lutar mais um dia.
Um dia após o outro, com fé e esperança que o futuro nos sorria e que tenhamos momentos de felicidade.
Sim, digo momentos, pois a vida não é plena de felicidade.É feita de momentos que vamos relembrando ao longo da nossa existência.
Mas só de vos sentir parte de mim, eu sou feliz!
Nuvem de fumo
Folhas de Papel
As únicas com quem posso realmente desabafar, que me compreendem, mas que infelizmente não me dão respostas...
Há já algum tempo que não necessitava de vos falar. Ou talvez tivesse receio de o fazer. Hoje chegou novamente esse dia.
Há alturas da nossa vida em que surgem dúvidas.
A fé.
Será legítimo perdê-la, revoltarmo-nos contra quem nós sabemos que é Omnipotente e que nos governa o nosso destino?
Com que direito questionamos aquilo que nos está destinado, a partir do momento em que pedimos para voltar?
Com que direito se pede a uma pessoa para não dizer aquilo que nos vai na alma?
E serão estes os pensamentos que te vão na alma?
Quando mos transmites peço a Deus que não te ouça, que te perdoe e tenho esperanças que não sintas aquilo que dizes. Tenho esperanças que sejam blasfémias, fruto de uma substância que te faz falar assim, que faz com que te transformes num homem que nunca desejei conhecer.
Essa substância... Esse líquido... Esse veneno... Repugna-me! Tenho nojo e ódio quando falo nele!
Destruidor de lares! Foi ele que tirou parte da minha alegria de viver.
Por causa desse intruso tenho chorado lágrimas de sangue, pois ele é o causador de tanto sofrimento, o que faz repetir as palavras que magoam e destroem o mais forte dos sentimentos.
No final, quando o confronto de ideias termina, surgem as dúvidas, os sentimentos que se misturam, as recordações e os medos que nos assombram os pensamentos.
Já não tenho certezas.
Tudo é confuso! Tudo é confuso!
E só vocês me ouvem, minhas folhas de papel, mas nada me dizem...
Filho
Minha Vida!
Aquele que me faz viver e ter esperança no dia de amanhã.
Oh, Luz dos meus olhos!
És aquele por quem sempre ansiei.
És o fruto de um amor sofrido, mas herói, vencedor.
Para ti eu olho e vejo espelhado a inocência de um ser que nos ama e só nos pede o nosso amor em troca.
Cada dia que passa vejo-te crescer e cresce ainda mais o meu amor por ti.
Cada dia que passa sinto cada vez mais que a minha vida sem ti não faria sentido.
Quando te olho, lembro-me do amor que te originou, aquele que sempre soube vencer, apesar do destino duro e amargo se ter cruzado tantas vezes por nós.
Então nasceste e o nosso amor cresceu ainda mais e nós repartimo-lo por um ser inocente, que és tu, meu filho!
Porto de abrigo
Sempre que me sentia só, procurava o teu colo e sentia-me segura, no meu porto de abrigo.
Sempre que me sentia angustiada, deprimida, eu procurava-te.
Podia vir a maior tempestade, eu não sentia medo, pois tinha o meu porto de abrigo.
Agora sinto-me só e não tenho onde me abrigar.
Sinto-me angustiada e deprimida e tu estás longe, mesmo estando perto.
Por vezes parece que tudo se está a desmoronar e sinto medo, sinto-me perdida, sem saber o que fazer.
Já não tenho mais argumentos. Sinto-me derrotada por algo que nem argumentos tem para me confrontar e sinto que te vou perdendo...
Volta! Volta a ser o meu porto de abrigo.
Vem e liberta-te!
Volta a ser meu!...
Sofrimento
Vivo num sofrimento...
Sinto-me só, mesmo sabendo que há gente à minha volta...
Quero desabafar com alguém ou apenas contemplar o horizonte sem nada dizer, apenas ouvir o som do silêncio...
Sinto tristeza e solidão...
Não sou compreendida...
Por vezes não tenho vontade de viver.
Tenho vontade de chorar e chorar até que o cansaço me vença e eu adormeça, para voltar a acordar e viver o outro dia, com esperança ou talvez não...
Vejo-me a caminhar num túnel escuro, vazio, onde apenas ouço o eco dos meus próprios passos, do meu pensamento e fico distante.
De repente, vislumbro uma ténue luz ao fundo do túnel que vai ficando mais forte à medida que dela me aproximo e me afaso do vazio e do sofrimento.
Essa Luz!... a minha razão de viver, a minha alegria, a minha esperança, a minha própria vida!
Essa luz brotou de dentro de mim e deu um novo alento à vida.
Fez-me descobrir um novo amor: forte, inquebrável, inabalável. infinito!
É por ele que vivo e luto, sem ver fronteiras nem obstáculos.
Sofro... Mas vivo...