segunda-feira, 3 de março de 2008

Terror ressuscitado

Penei esta noite novamente ao reviver o terror em que estive mergulhada nos anos que já passaram e senti-me impotente. Uma fraqueza mórbida alastrou-se por todo o meu corpo e os meus músculos ficaram entorpecidos.
Julgava já ter sepultado esta sensação junto de quem ma provocava.
Esta noite ressuscitou... Ressuscitaram...
Um aperto na barriga, um nó na garganta, apoderaram-se de mim e não articulei uma palavra.
Vi o seu olhar carregado de ódio, de despeito. Da sua boca apenas saía um discurso vil, repleto de injúrias. Dirigia-se-me hostil, proferia calúnias e eu continuava sem articular uma palavra.
O pavor apossou-se de mim e nem sequer me permitiu pensar.
Fiquei-me apenas. Imóvel. Estática.Petrificada.
Abri a janela das recordações e revi os meus dias não vividos, os choros compulsivos, os temores...
Gritos mudos escapavam do meu peito e as lágrimas escorriam no interior da minha alma, manchando a rotina dos meus dias tranquilos.
Estava gélida.
Escapei-me solitária na escuridão e libertei o meu pranto na minha almofada banhada apenas pela minha sombra e, mais uma vez me vi envolvida na solidão que me acompanha.
Pedi que terminasse o sofrimento, mas somente choravam palavras de mágoa e uma dor que me alucinava.
Sinto cansaço, mas o sono teima em chegar. Encolho-me ainda mais no meu leito, tentando sentir o aconchego que desejava que viesse de outros braços que não os meus.
Fluem-me pensamentos abstractos assim que entro na sala do meu passado que mais uma vez me veio assombrar. Fecho os olhos tentando obter a paz que por vezes se desvia do trilho espinhoso que tento esmagar a cada pegada que vou deixando atrás de mim, e que me leva a parte incerta.
Sou perseguida por visões de um passado em que não amei e só queria ser feliz.
Será pecado querer ser feliz?
Porque é atroz o meu sofrimento?
Porque continuam insistentemente a querer ver rolar as lágrimas onde antes se passearam sorrisos de menina?
Lentamente avança a noite, dando lugar à madrugada.
As lágrimas que outrora percorreram a minha face começam a secar e sinto-me adormecer. A dor que me atormentava começa a dissipar-se, ouvindo agora ao longe o eco da questão que se levantou. Quando vai terminar?
Vou cedendo ao embalo que me acarinha e adormeço na esperança de um dia poder viver tranquila e enterrar de vez todos os pesadelos, colocá-los num túmulo bem fundo, para que eles não possam fugir jamais e não me voltem a assombrar as noites em que procuro sossego...

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