segunda-feira, 9 de março de 2009

Quantas vezes...



Volto hoje aqui depois de uma longa ausência que me afastou deste local, onde tantas vezes despejei as minhas mágoas, quando sentia morrer lentamente o meu ser, como quem seca uma flor por entre as páginas de um livro.
Abro ao acaso esse livro, onde contemplo essa flor que jaz serena, corpo sem vida, páginas inacabadas...
Quantas vezes eu senti o desassossego, enquanto a minha seiva era levada junto de ti, sempre que te via partir, depois dos momentos em que os nossos olhares faziam juras de amor, nos nossos olhos marejados.
Quantas vezes me senti ressuscitar mais um pouco, sempre que os nossos lábios se tocavam e os nossos corpos se envolviam em longos e mudos abraços. Quantas vezes eu senti a falta do teu regaço que acolhe o meu pranto, antes que a nostalgia tome conta de mim. Volto hoje aqui... depois de vasculhar os meus rascunhos escondidos, perdidos no tempo.
Reencontro nele um momento que me dilacerou em pedaços, no dia em que me levaram parte da minha essência.
Recordo nele mais um momento em que te queria ter ao meu lado, como em tantos outros momentos.
Quantas vezes chego a casa e apenas escuto o eco dos meus passos no vazio da tua ausência...Quantas vezes me deito no meu leito e apenas o frio dos lençóis me espera, nas longas noites que passo sem o teu calor...Sofro com a dor de te perder sem nunca te ter perdido e sem nunca te ter ganho, pois não és meu por inteiro.
Despedida atrás de despedida. Um adeus. Um até breve. Uma interrupção...
Um sorriso a disfarçar uma lágrima que teima em brotar dos meus olhos.
Um sorriso que tapa o grito que não pode sair do meu peito...Uma breve gargalhada em vez do choro, por não poder bramar o quanto te amo sem receio que ouvidos indiscretos ouçam o que sinto por ti.
Quantas vezes seguro este soluço que quer dizer o quanto te quero e que não saberia viver sem ti...
Volto hoje aqui.
Quantas vezes mais?...