quinta-feira, 10 de abril de 2008

Reencontro



Cruzam-se novamente os caminhos outrora separados pelas encruzilhadas da vida.

Afloram sentimentos há muito adormecidos e quase esquecidos.
Foram caminhos percorridos em paralelo, sem nos darmos conta de que um dia nos voltaríamos a encontrar com histórias idênticas, porém tão diferentes.
Procurei-te tantas vezes em vão nos locais agora vazios da tua presença e sentia uma tristeza trespassar-me.
Recordei os momentos que passámos juntos. Momentos inocentes e puros, mas tão intensos que jamais esqueci.
Tantos anos passaram...
Só uma vez os nossos olhares se trocaram e a terra tremeu debaixo dos meus pés... Mas a força da razão obrigava-me a acreditar que te tinha esquecido.
No mais íntimo do meu ser, sabia que tal não era verdade...
Agora, com o amadurecer dos anos, volto a pensar em ti e a procurar-te.
Caminhei. Caminhei várias vezes no teu encalço, sem nunca te encontrar.
Perguntei ao mar por ti, mas ele só me respondia com o seu murmúrio e eu não entendia o que ele me dizia. Passei horas olhando as vagas que te traziam para a minha lembrança, mas ela desfazia-se na espuma das ondas que suavemente acariciavam a areia aquecida pelo sol.
Num fim de tarde respondi instintivamente ao meu apelo interior e consegui reencontrar-te.
Revivi os meus anos de menina sonhadora, cujo rosto nunca tinha sentido o gosto da amargura da vida, por onde passearam sorrisos ingénuos, saídos da boca que tantas vezes te beijou apaixonadamente.
Sinto saudades desse tempo, do tempo em que te amei, do tempo em que sonhei...
Como eu queria não ter acordado!
Mas um dia acordei de forma abrupta para não te tornar a ver, para te arrancar de mim...
E busquei-te várias vezes, para depois dar por mim mergulhada num mar revolto que me consumiu a minha meninice e me roubou os meus sonhos, afundando-os para que não mais os conseguisse olhar.
Outros sonhos vieram. Outra realidades vivi. Muitas vezes morri...
Crescemos. Cresci, mas sinto agora a menina a gritar dentro de mim. A menina que chama por ti outra vez, aquela que diz "Eu nunca te esqueci!". Aquela que se apaixonou por ti ao som de "Wish you were here"... Queria que estivesses aqui. Ouço novamente essa canção e sinto esse desejo. O desejo de te ter aqui, de poder sentir a força da menina transformada agora em mulher.
Sim. Sou agora mulher. Uma mulher que fica menina assim que ouve a tua voz. Uma mulher que ainda treme quando te vê. Sou aquela que cruza novamente o teu trilho...
Agora o meu anseio é caminharmos juntos de mãos dadas, nestes caminhos outrora separados pelas encruzilhadas da vida.
Quererás tu caminhar ao meu lado?...