segunda-feira, 10 de março de 2008

Ancorada

Vagueio pela penumbra da noite, numa tentativa vã de te encontrar.
Já não sei como te alcançar.
Sinto a tua presença em todas as partes do meu corpo, como se te tivesses cravado em mim.
Todas as melodias me recordam que já te pertenci. Respiro o teu odor, sinto o teu toque, acaricio a tua pele, beijo os teus lábios, aquecem-me os teus beijos ardentes...
Busco-te em todas as horas, sem sucesso. Apenas te encontro na minha memória, cada dia mais distante, porém cada vez mais presente.
Peço às estrelas que me levem na tua direcção, mas elas apenas me levam o pensamento, pois o físico já está ocupado por outra e eu martirizo-me ao imaginar os teus dias com ela. O teu despertar, quando te deitas, quando a ela te entregas...
Como é essa entrega? Em quem pensas nessas horas de prazer?
Fujo desse cenário que me consome e que me rouba a razão.
Escondo-me num lugar que só pode ser ocupado por nós, onde nos podemos refugiar sem que ninguém nos encontre, longe dos olhares mundanos que nos podem incriminar.
Nesse lugar que nos pertence, entrego-me só a ti e prostro-me a teus pés sem reservas nem pudor. Esqueço os mundos separados em que vivemos e devaneio até onde o céu é o limite e onde nos idealizo juntos, tal como nos encontros breves que temos, que quase caem no esquecimento do tempo, mas que jamais se desvanecerão da minha lembrança e engrandecem a minha paixão por ti.
Paixão... Este sentimento que me dá vida em cada instante que passamos juntos, mas que me mata lentamente sempre que não podemos estar.
É um sentimento que me aprisiona quando estou livre, que não me permite sequer conceber a minha existência ao lado de outro homem, pois és só tu quem eu anseio.
Conto os minutos devagar, enquanto a noite se torna mais sombria.
Enrouquece a minha voz interior com as tentativas de te chamar a mim.
Vou obtendo umas ténues visitas, breves momentos que me enchem de esperança e de desejo de me perder nos teus braços outra vez. E outra vez... até que o cansaço nos vença.
No silêncio da noite volto a sentir a tua sombra passear pelo meu corpo e invadir o meu ser, enquanto fecho os olhos languidamente para te voltar a ter.
Torno a olhar para o relógio e continuo a ver o tempo passar serenamente, à espera de te tornar a contemplar, de fitar os teus olhos ávidos e naufragar de novo nesta paixão onde estou ancorada...

1 comentário:

Anónimo disse...

desencontros...