quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Saudade e Paz



É noite.
Cobre-me um manto de estrelas na praia deserta que já nos acolheu, enquanto se passeiam por mim os pensamentos nostálgicos que te trazem à minha lembrança. Adivinha-se a minha partida do local onde selámos o nosso encontro.Tudo me faz recordar de ti… a Lua que reflecte o seu encanto de prata sobre o mar, que sussurra os segredos que nem todos sabem entender, que me lembram o teu olhar que fita o meu com ternura, sem palavras pronunciarmos, mas dizendo tudo o que nos vai na alma; o brilho das estrelas que me lembram os teus beijos cheios de carinho; a areia fina e fria que me acolhe agora sozinha, sem a tua presença. Nela me aconchego e imagino os teus braços que me prendem no teu calor. Fecho os olhos e inalo o odor que traz até mim o teu cheiro, ouço o murmúrio das vagas que me traz a tua respiração…
Vives em mim.
Qualquer pensamento me leva até ti e sinto uma paz invadir o meu peito.
Transpiro música com o toque suave dos teus dedos sobre a minha pele.
Habitas em cada pedaço da minha existência.
Pertences-me sem me pertenceres…
Fazes parte da nova mulher que nasceu em mim.Sou flor que brota viçosa no jardim que começaste a cuidar. Alimentas-me a cada dia com o teu carinho, renovo-me a cada momento com as recordações que persistem no meu pensamento.
É com essas recordações que regresso ao meu leito que me espera uma vez mais vazio, caminhando placidamente entre o ruído e a pressa, lembrando-me da paz que reside no silêncio emanado dos nossos olhares.
Já não me sinto a vaguear solitária no meio da multidão, pois sei que mesmo ausente permaneces no meu coração, sem precisar de me renunciar para poder amar.As lágrimas que por vezes teimam em rolar pelo meu rosto, apenas me lembram as emoções e os sentimentos que residem em mim e que se espelham no nosso terno olhar.
Não sinto mais tristeza ao ouvir a chuva a cair. Escuto agora a sua suave melodia que canta na vidraça da minha janela que quer abrir-se de novo, para que eu possa sentir o vento soprar de mansinho e percorrer todo o meu corpo, renovando-me a cada passagem da brisa morna.
Vivo cada momento inspirando-me em cada som, em cada odor, em cada toque, em cada olhar…
Sinto-te em cada música que escuto, em cada palavra que redijo, em cada cor eu vejo, em cada pétala que roça a minha pele…
Sigo com estas sensações no encalço da paz que me trouxeste e com a qual me envolvo agora nos lençóis que me esperam nas noites calmas.
Adormeço com a saudade no meu peito e a paz na minha alma…

1 comentário:

poeta naïf disse...

O barulho do silêncio por vezes ensurdece-nos a determinação de nos sobrepormos à vontade!