domingo, 31 de agosto de 2008

Um dia...





Um dia…
Um dia sonhei…
Um dia vivi um pesadelo…
Um dia acordei… desiludi-me…senti-me livre…
Um dia voltei a sentir-me aprisionada numa quimera que só existia dentro de mim. Pura ilusão!
Despertei e chorei lágrimas de dor que saíam do meu coração sem que encontrassem um local para repousar a minha alma. Soltavam-se noite e dia sem descanso, encurralavam-me na minha solidão, brotavam dos meus olhos, escorriam pelo meu rosto, que nem os raios de sol confortavam com o seu eterno calor.
Um dia tu vieste ao meu encontro. Secaste-me as lágrimas. Ancorei no teu olhar, prendi-me no teu abraço, naveguei ao sabor dos teus beijos de ternura que há muito esperava receber.
Um dia escutei sem dor as músicas que me ensinaste a ouvir…
Um dia aprendi que muito se pode aprender escutando o nosso silêncio.
Um dia serenei aconchegada pala lua e pelas estrelas que nos embalaram na praia deserta.
Um dia ouvi o murmúrio do mar na noite calma.
Um dia vi o nevoeiro dissipar-se, dando lugar ao pôr-do-sol radiante beijando o mar imenso, tal como a magia dos teus ternos beijos que chegaram de mansinho para apaziguar o meu pranto e secar as minhas lágrimas.
Um dia vivi… um dia fizeste-me sonhar…
Vivi um sonho que julgava só os sonhos poderem dar e desejei não acordar.
Um dia voltaste a fazer-me sorrir e chorar também. Mas agora não é um choro de lamento. É um libertar de emoções que nunca antes senti, ao viver este sonho que nunca antes sonhei, pois cuidei não existir…
Revivo cada instante, espelha-se a paz no meu olhar, a esperança no meu rosto, a calma no meu corpo, a quietude e o sossego no meu coração.
Respiro cada odor deixado em cada recanto do meu pensamento.
Ouço as baladas que percorrem todo o meu ser, sem me levar ao cansaço.
Sinto na pele o veludo das rosas que me devolveram o sorriso.
Toco as pétalas frescas que me lembram o teu toque suave e guardo-as como um tesouro.
Olho para as suas cores que me recordam o teu meigo olhar, o teu sorriso encantador…
Adormeço aconchegada pela luz ténue das velas que nos guiaram no sonho que um dia me fizeste viver, do qual eu não queria acordar.
Adormeço na esperança de um dia surgir um outro dia, um outro sonho, onde não precise de fechar os olhos para poder sentir os perfumes que me rodeiam, para poder escutar os sons que pairam em cada lugar onde vou e que me acalmam, para poder pintar a minha vida com as cores que me ofereceste, para poder sentir o toque aveludado do carinho que só tu me sabes dar, para poder escutar de novo o nosso coração bater no mesmo compasso.
Adormeço com o sorriso com que um dia me deixaste, através dos momentos mágicos que construíste e que me devolveu a felicidade que julgava ter perdido um dia.
Mitigaste-me o sofrimento que um dia me assolou por um sonho que só eu tive, que não consegui viver e que se tornou melancólico.
Resido agora no dia inolvidável com que me presenteaste e que ocupa o decorrer dos meus dias e me inspira a escrever estas palavras que se soltam dos pensamentos esculpidos na minha memória e que fluem acompanhados das baladas que escutámos juntos, agora que estás distante do meu olhar, porém cada vez mais junto do meu peito.
Revivo a cada instante esse dia que nenhum dia irá arrancar da minha lembrança.
Um dia que será para sempre um dia…

domingo, 24 de agosto de 2008

Acalmar






Sinto-me envolvida pelo carinho de mil estrelas saídas dos teus lábios.
A Lua afaga-nos com o seu encanto sereno.Escutamos o mar que murmura sons sussurrantes, como suspiros num vai-vém imparável que me embala na areia fina.A noite é mágica.
Nada dizemos, apenas ouvimos.O nosso silêncio é selado com o que há muito se anunciava através da ternura emanada dos nossos cúmplices olhares.
Inalamos o sossego que paira no ar e que mistura com o odor da maresia.Espelha-se a paz no nosso olhar.
O nosso silêncio continua…
Passeiam-se lágrimas no meu rosto.Emoção? Medo? É uma sensação que não sei descrever.
Aconchego-me nos teus braços numa tentativa de não me escapar no frio da noite. E fico…
Secas-me as lágrimas com a promessa da tua amizade eterna, pois mais não me poderás oferecer.
Sou agora menina assustada no teu colo, recebendo com ternura o teu carinho incondicional, quando te dizes incapaz de me dar o Sol ou a Lua. Aprisiono-o num local só meu, de onde não quero partir, pois dele preciso como se de ar se tratasse para poder viver…
Vivo este momento de forma plena, mas não o suficiente como se não existisse amanhã, visto que a razão é mais forte para o permitir.
Ao teu lado os meus temores dissipam-se, tal como névoa nas manhãs que adivinham um dia de calor revigorante.
Contigo sinto os raios de Sol acariciarem-me o rosto e a enternecerem o nosso olhar.
Uma brisa suave vagueia pelo meu corpo e faz-me arrepiar de mansinho, trazendo-me apenas o sorriso da quietude da alma.
Todos estes sentimentos me percorrem…
O medo de voltar a sofrer mais uma desilusão, que por vezes me assalta, esconde-se por instantes no meu pensamento, enquanto estás por perto. Esqueço o que me atemoriza.
Estou em paz… és o bálsamo que me serena a alma e acalma o espírito. Não quero sair deste estado.
Quero continuar a sentir-me envolvida pelo teu carinho e escutar o nosso silêncio, aconchegados pelo luar.
É tarde… temos que voltar. Chama-nos a razão…
Despede-se de nós a Lua e as estrelas e eu volto para o meu leito que me espera vazio para que eu possa descansar o meu corpo e, agora sim, acalmar a minha alma…Deixo-me embalar pelo meu sono tranquilo, sou vencida e adormeço…Consigo acalmar…

sábado, 16 de agosto de 2008

Amizade



Tornaste-te num ser inesquecível…
Serenas-me a alma, acalmas-me o espírito.Secas as minhas lágrimas aconchegando-me no teu olhar. Sossegas o meu pranto, mesmo quando escuto o teu silêncio.
Dizes que é difícil encontrar palavras capazes de descrever a nossa amizade…
Tento rebuscá-las na quietude das noites em que o sono tarda a chegar, quando as desilusões que habitam o meu pensamento me impedem de adormecer.
Chegaste quando a minha alma gritava por socorro…
Chegaste à minha vida quando vi o meu coração destroçado por um desencontro de amor, por uma mágoa que me assaltou e invadiu o meu ser, dilacerando o meu peito.
Vejo-te como um anjo mandado pelo céu.
Vieste e ofereceste-me a paz, deste-me o carinho, o calor do teu abraço, a ternura de um beijo… um sentimento incondicional, que tudo permite dar e nada exige em troca, a não ser a amizade pura e singela que te posso também dar…
Somos agora haste fina que cresce num prado verdejante. Ventos de mudança me agitam suavemente. Sobreviveremos às intempéries que assolarem nos Invernos das nossas vidas. Cresceremos juntos e fortalecer-nos-emos no decorrer das Primaveras, à medida que o tempo passar por nós… jamais diremos adeus, pois este sentimento não o permite. Permaneceremos para sempre no coração, por mais que a distância nos separe.
Dizes que não poderás dar-me a lua, mas poderás oferecer-me a paz que dela emana, sempre que sentir o desassossego na minha alma…
Dizes que não poderás dar-me o sol, mas poderás dar-me a luz que se irá reflectir nos meus olhos, sempre que estes quiserem chorar e o calor do teu abraço que me irá fortalecer, sempre que me sentir desfalecer…
Ensinaste-me a escutar os sons que tornam os momentos especiais e que ficam gravados na nossa memória… aqueles que outrora me traziam a nostalgia e que faziam brotar lágrimas de amargura, trazem-me agora a calmaria do pôr-do-sol na praia deserta onde só se escutam os pensamentos, interrompidos pelo murmurar das ondas do mar imenso.
A nossa vida é um mar… um mar repleto de ondas, cada uma diferente da outra… por vezes imprevisível, porém sempre mágico, vivo, que nos traz aprendizagem. Ondas que vêm de mansinho; outras que revolvem todo o nosso ser; outras se vão, deixando marcas profundas por onde passam; outras ainda que permanecem em calmaria, para que possamos navegar rumo à nossa felicidade… Essas sabemos nós que estão ali para que possamos ancorar e descansar o nosso espírito, para depois retomarmos a nossa viagem mais fortalecidos…
Ancorei em sossego…
Sinto-me agora a descansar…
Regressa a minha calma…
Repousa o meu pensamento…
Não encontro mais palavras…

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Tempo de dizer adeus...




Começa a apossar-se de mim o cansaço.
“É tempo de dizer adeus…” grita-me a razão.
“Não olvides este amor…” suplica o meu coração.
Já não aguento mais. A tristeza e a desilusão percorrem-me e depositam-se no meu pálido olhar, que soltou sorrisos perdidos quando te reencontrou. Nesse dia recordei as palavras que proferiste: “Não há ninguém insubstituível…”. Não concordei. Continuo sem concordar. Não se consegue substituir alguém único. Não consigo amar ninguém como te amei. Como te amo…
Só o tempo nos separou. E o tempo nos fez reencontrar. O tempo nos fez reviver momentos da nossa inocente juventude. O tempo nos fez viver momentos inesquecíveis, pelo menos para mim. O tempo nos separa novamente…
Gritos mudos saltam do meu peito apelando à minha paz. Vejo-a distante. Caminho sozinha no seu encalço. Vagueio solitária pela penumbra, percorrendo a sala das minhas recordações. Tento fechar as janelas do passado que deixam entrar as histórias que já me fizeram feliz, mas que agora libertam em mim um sentimento de mágoa profunda. Chora a minha alma… espelha-se no meu olhar…
Abandono-me, mas não deixo de te amar.
Sinto vontade de enterrar esta história mal acabada que vivemos, pois cada vez que desfolho as poucas páginas que nela existem, há uma dor que me trespassa e que faz brotar lágrimas de nostalgia, que vivem continuamente dentro de mim.
Todavia não quero esquecê-la, não quero esquecer-te…
Que sentimentos antagónicos… que agonia…
Revejo a nossa história em rascunho a cada dia que passa, a cada amanhecer, a cada anoitecer, ao deitar-me esperando que o sono chegue. Adormeço contigo no meu pensamento. Não encontro conforto a não ser o dos meus braços, com os quais envolvo o meu corpo, imaginando que são os teus que outrora me tomaram por inteiro. De corpo e alma!
Por vezes dou comigo a pensar se tudo não passou de um sonho, pois só os sonhos terminam assim, ao adivinhar o começo de um novo dia.
Não foi um sonho. Foi ilusão minha… que despertar tão amargo!
Perdi-me ingenuamente no tempo, no teu olhar meigo, escutei a tua doce voz, admirei o teu sorriso…
Agora não me consigo encontrar. Sou alma vaga perdida no meio da multidão.
Continuo navio à deriva, aguardando que a corrente me leve para junto do porto onde possa ancorar em águas calmas, pois já não tenho forças para remar.
Abandono-me ao sabor das vagas, agora que começa a apossar-se de mim o cansaço.
É tempo de dizer adeus…